Projectos

Adriana Calcanhotto
Adriana Calcanhotto

MARITMO é um disco de mar, o meu quarto álbum, lançado em 1998, e o primeiro que explicita minha paixão pelo mar, como espaço físico e metafísico. Queria um ambiente de mar e de dança, de movimento, de levar e trazer, de ondulação e impermanência, e por isso é que ele chamou-se MARITMO. Uma palavra inventada por mim que reforça que o ritmo do mar é marítimo, trocadilho feito em um ensaio para a gravação e que acabou por batizar o projeto.

Em março de 2008, dez anos depois, veio MARÉ, meu sétimo álbum, que por ter novamente ambiência oceânica, me fez pensar no mar quando ele volta, quando ele é o “mar mais uma vez”, e porque é que volta. O que faz o mar ir e voltar é a maré, e sobre isso pensei muito até constatar que o disco era uma segunda vaga de um projeto maior. Então, no lançamento, anunciei a trilogia de marinhas.

Este, MARGEM, que está há vinte e um anos de distância do primeiro e onze do segundo, e cuja sequencia ele encerra, começou a ser concebido logo depois do lançamento do MARÉ, o segundo. Por inércia. Pelo fato de ter ouvido, cogitado e cantado tantas canções que acabaram não entrando nem no álbum e nem depois nos shows da turnê de lançamento, canções que não entraram nos projetos mas não saíram de mim, que de alguma maneira foram ficando como possibilidades para o terceiro. O terceiro confunde-se um pouco com o segundo nesse sentido.

Os oceanos não são mais os de vinte anos atrás e essa tragédia estava há muito anunciada. De MARÉ para cá não lancei mais discos de estúdio, registrei algumas apresentações em DVD, no Rio de Janeiro (Olhos de Onda, 2011) e em Porto Alegre (Loucura, 2015, só com canções de Lupicínio Rodrigues) que eram projetos de palco e acabaram gravados.
(…)

MARGEM encerra a trilogia mas não o assunto, que a cada um dos três discos, revelou-se pra mim mais e mais urgente.

Bom mergulho!
Ouçam alto!

Adriana Calcanhotto 

 

Adriana Calcanhotto é agenciada em Portugal pela IM.par