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Ana Moura
Ana Moura

Não há outra voz no fado como a de Ana Moura. Aquilo que a distingue é não apenas um timbre grave e sensual como há poucos – Ana Moura transforma instantaneamente em fado qualquer melodia a que encoste a sua voz. Aos seis anos cantava já o seu primeiro fado, “Cavalo Ruço”.

Começou nos Sexto Sentido, uma banda de covers pop/rock, que chegou a iniciar gravações de um disco com a Universal. Entra em cena o destino e leva Ana Moura a um bar em Carcavelos onde cede à tentação e canta um fado. Presente na sala, o guitarrista António Parreira, de tão impressionado, toma-a pela mão e leva-a a várias casas de fado. É Maria da Fé, co-proprietária da prestigiada casa de fados Senhor Vinho, quem não resiste àquele talento em bruto. Rapidamente conquista Miguel Esteves Cardoso (MEC), antes sequer de as editoras ouvirem falar no seu nome. Depois de ler as palavras enlevadas de MEC, Tozé Brito, administrador da Universal, vai ao Senhor Vinho à descoberta daquela voz que conhecia apenas dos Sexto Sentido.

Para a produção do álbum de estreia, “Guarda-me a Vida na Mão” (2003), é chamado Jorge Fernando, responsável por seis temas, um dos quais assumido como o seu BI musical – “Sou do Fado, Sou Fadista”. Fica evidente que o seu fado comporta uma elasticidade rara, convocando participações de gente como os Ciganos d’Ouro e Pedro Jóia, e instrumentos com o cajon e a guitarra de flamenco.

“Aconteceu”, em 2004, é a continuação lógica do disco de estreia. Um álbum duplo que vinca com uma espantosa confiança a certeza do seu caminho: a convivência natural entre o fado mais apegado à tradição e uma forma muito pessoal e convicta de lhe exigir contemporaneidade.

A internacionalização leva então Ana Moura a actuar na mítica sala Carnegie Hall, em Nova Iorque, em 2005. É nesse ano que o saxofonista dos Rolling Stones, Tim Ries, descobre Ana Moura e a convida a gravar dois temas para o 2º volume do “Rolling Stones Project”. Ao vivo, canta com os Stones no Estádio Alvalade XXI. Ries compõe ainda uma música a pensar na sua voz – “Velho Anjo”, que Entraria no seu disco seguinte, “Para Além da Saudade” (2007). Graças ao tema “Os Búzios”, de Jorge Fernando, o disco passaria 70 semanas na tabela dos mais vendidos, acabando por gozar de dois grandes momentos de consagração nos Coliseus. O álbum trar-lhe-ia ainda o Prémio Amália Rodrigues.

O quarto álbum, “Leva-me aos Fados”, chega às lojas em 2009 e é saudado quase de imediato com a obtenção do galardão de platina. No mesmo ano, Prince desloca-se a Paris para presenciar o charme da fadista. Em Julho de 2010, Ana subia ao palco com Prince no Festival Super Bock Super Rock.

Em Setembro de 2010, Ana Moura aceita o convite da Frankfurt Radio Bigband para cantar na cidade alemã, sendo a parceria repetida, quando a fadista chama a orquestra de jazz a acompanhá-la nos Coliseus. É um momento de celebração de um ano marcado pela vitória de um Globo de Ouro, a presença nos tops de vendas da Billboard e da Amazon e pela nomeação enquanto Artista do Ano para os prémios da revista Songlines. Passados escassos meses, sobe ao palco do festival Back2Black, no Rio de Janeiro, ao lado de Gilberto Gil, com quem interpreta o “Fado Tropical” de Chico Buarque.

Para 2012, ano em que Ana Moura participa em disco de homenagem a Caetano Veloso com uma versão de “Janelas Abertas nº2”, produzida por José Mário Branco, a cantora guarda uma pequena mudança na sua linguagem musical. Em Novembro lança em Portugal o seu 5.º álbum de originais “Desfado”, posteriormente editado em vários países, que representa um momento de viragem na sua carreira, e apresenta o seu mais recente trabalho em salas esgotadas por Portugal.

“Desfado” é já considerado um álbum clássico em Portugal. Mantém-se ininterruptamente no top de vendas desde que foi lançado (há 150 semanas consecutivas), tendo atingido recentemente a 5.ª Platina. Este é o disco nacional editado nos últimos cinco anos mais vendido em Portugal, o disco que globalizou Ana Moura.

O primeiro editado globalmente pela Universal Music, através da Decca, chegou ao 1.º lugar várias vezes em Portugal, tendo atingido o n.º 1 dos top’s de World Music em Inglaterra, Espanha e Estados Unidos.

“Desfado” reuniu alguns dos melhores compositores da actualidade e o single que lhe dá o nome tornou-se no primeiro fado a ser tocado nas rádios mainstream nacionais. A tour “Desfado” levou Ana Moura a grandes palcos nacionais e internacionais, cantando para multidões nos mais de 300 concertos que realizou depois de editar “Desfado”.

Com mais de 300.000 discos vendidos, mais de 1 dezena de galardões onde se destacam 2 Globos de Ouro, 2 prémio Amália, 1 nomeação para os Songlines Music Awards na categoria de Melhor Artista, participações com ícones da música Prince, The Rolling Stones, Caetano Veloso, Gilberto Gil ou Herbie Hancock, Ana Moura é a artista nacional com a carreira mais pujante da actualidade.

“Moura”, o 6.º álbum de Ana Moura, editado em Portugal no dia 27 de Novembro de 2015, foi directamente galardoado com a marca de Disco de Ouro.

Do seu canto, sabemos apenas que nasceu no fado. Nunca saberemos onde termina.

Fonte: Sons em Trânsito